terça-feira, 23 de novembro de 2010

A bailarina sem sapatilhas


Querida bailarina que chora os pés descalços, o palco da vida não quer saber se tu bailas com as pontas de uma sapatilha ou com as pontas dos dedos dos pés, ele exige que bailes.
A melodia do amor que embala tua dança pode, muitas vezes, se mostrar como um ruído insuportável e entonteante, mas tu tens mãos para tapar as orelhas. Já pensaste em ouvir com os olhos?
Lembras daquelas antigas caixinhas-de-música em que, ao serem abertas, tocam uma som leve e tu vêdes uma dançarina a rodopiar? Algumas trazem apenas uma dançarina, outras um casal. Apesar da diferença em número de bonecos, a música continua a ter a mesma serenidade. O mecanismo que dá vida aos dançarinos do artefato é o coração que bate em teu peito.
Às vezes tu ries, em outras, choras. Não podes evitar que tropeces ou caias, mas nem por isso deves render-te ao chão. A verdadeira bailarina não é a que nunca torce o pé, mas a que dança apesar da torção.
Não deixes que teus pés descalços ceguem teus belos olhos que buscam estrelas, nem parem as engrenagens de teu coração. Dances em uma sala com espelhos e verás o cisne que és, em meio a estes tantos patos.
Confio em ti.

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