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Um dia quis ser bailarina. Porque achava que assim podia voar.Compraram-me um fato preto, umas meias cor de rosa, uma fita para o cabelo e uns sapatos próprios para dançar, com umas fitas de cetim muito difíceis de apertar. Inscreveram-me numa escola onde ensinavam os passos para poder quase voar. Um canto da sala era o lugar de um grande piano de cauda, com uma senhora que eu achava que já era velha, pois devia ter a idade que eu tenho agora. Havia um espelho, que ocupava uma parede inteira e uma barra, onde se pousavam levemente as mãos, enquanto todo o resto do corpo devia mover-se de forma delicada, leve...
Depressa percebi que os meus pés se deslocavam com votade própria. As minhas pernas obedeciam aos pés e não à minha vontade e os meus braços teimavam em não ceder ao meu esforço para executar as figuras maravilhosas que via nas outras meninas.
Um dia cansei-me de apertar as fitas dos sapatos e desisti de ser bailarina.
Não desisti de voar. Isso faço todos os dias, mesmo sem ter aprendido os passos na escola e sem tirar os pés do chão.
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